De volta a Tarumã, padre Pereira compartilha sua experiência de fé e cura

CIDADE

O padre Claudemir Pereira, de 56 anos, vigário da Paróquia Santo André (de Tarumã), havia sido afastado de suas atividades na comunidade há cerca de um ano devido a uma grave enfermidade. Recentemente, ainda em recuperação, voltou a participar das celebrações e atender os paroquianos na secretaria da Matriz.

Em entrevista ao Grupo GR, Pereira relatou sentir o chamado de sua vocação sacerdotal desde a infância, embora tenha considerado desistir em alguns momentos da juventude. Comemorando 26 anos de Sacerdócio, sendo seis anos em Florínea, um em Santa Catarina, um em Assis, sete em Marília, e seta anos novamente em Assis antes de retornar a Tarumã para cuidar de seus pais doentes, ele enfatizou: “Eu fiquei longe, mas nunca tirei Tarumã do coração. É fácil sair de Tarumã. Agora, o difícil é tirar Tarumã de dentro de nós”, contou.

Em todos esses anos, conta que sua passagem mais difícil foi a enfermidade recém passada. “Foi uma passagem violenta, difícil, de cruz. Onde eu fiquei com as marcas do crucificado. Passei pelo deserto. Me senti como Cristo abandonado na cruz. Mas, ele me ressuscitou. E hoje eu sou uma pessoa completamente nova. Isso me mudou muito. Mudou minha visão de mundo, me tornei alguém da paz, mais concentrado naquilo que quero fazer”. Ainda sobre a enfermidade, ele relata que a parte mais dolorosa foi o afastamento de suas atividades sacerdotais e paroquianas.

Ao ser questionado sobre o temor no momento da internação, ele respondeu: “Eu aceitei a cruz. Eu abracei a cruz. Eu fiz todo o tratamento necessário. Sofri muito. Foi terrível. A cruz fede. Ela pesa. Ela destrói a gente. Ela mata a gente. E por cinco vezes os médicos disseram que não tinha o que fazer, que eu iria morrer. E eu me lembro de ter dito a Deus: ‘Combati o bom combate. Guardei a fé. Pode me levar, que eu sou fruto maduro’. Eu estava preparado para a morte. Mas o Senhor, o justo juiz, não me abandonou. Ele não me abandonou. E como Jesus, eu pude também fazer a experiência de dizer: ‘Em vossas mãos eu entrego o meu espírito. Seja feita a vossa vontade’. E a vontade de Deus era que eu vivesse. Por isso estou vivo”, relata.

Ele comenta que sempre que a medicação lhe permitia momentos mais despertos, lembrava-se dos seus amigos, aos quais sentia falta, sendo estes também os paroquianos. E ainda diz: “E quero fazer menção aqui ao meu querido amigo, o padre Didi, que deixou tudo lá no Piauí, viajou três dias e três noites para me visitar e fazer a unção dos enfermos em mim. Ficou comigo o dia inteiro na UTI. Quero fazer menção a ele. Eu o amo muito”, completa.

O padre Edvaldo Pereira, mais conhecido como padre Didi, foi responsável por acolher Pereira quando chegou a Tarumã e ajudá-lo durante o momento de enfermidade dos pais e, recentemente, durante sua internação, vindo de suas missões para visitá-lo.

Quando questionado sobre sua volta aos trabalhos, estando ainda em recuperação, esse afirma: “Jesus passava 90% do tempo dele ouvindo e aconselhando, perdoando e curando. E eu estou fazendo isso com a minha vida. Eu tenho me dedicado a isso”. Agora que voltou, sente uma missão nova, de seus antigos objetivos, baseado na fala de Jesus “Vinde a mim, vós que estais cansados e abatidos, e eu vos darei descanso” Mt 11;28

Sobre a recente recuperação, ele enfatiza que ainda não recebeu alta total, pois ainda possui complicações nas pernas e mãos, sentindo-se muito fadigado e indisposto. Diz que toma em média 25 remédios por dia e ainda deve passar por um ano e meio de um forte tratamento. No entanto, está extremamente feliz, pois os médicos não esperavam que ele se recuperasse tão bem.

Antes da enfermidade, o vigário já era reconhecido pelas visitas aos doentes e necessitados na cidade de Tarumã. Ao ser questionado se isso influenciou seus últimos momentos, ele respondeu que recebeu apoio e orações de toda a comunidade, inclusive de pessoas de outras religiões, como evangélicos, umbandistas e candomblecistas, que vieram até ele desejando melhoras.

Pereira frisa que sua vocação permanece focada, e explica: “Então, eu cuidava mais e cuido mais dos enfermos, daqueles que estão em situação de pecado, daqueles que querem se casar, serem batizados, daqueles que querem comungar, ouvir a palavra, pois eles são os mais necessitados.”

Ele também mencionou que deseja fazer um curso no Rio Grande do Sul sobre aconselhamento filosófico. “Nós não cremos às cegas. Deus revela a nossa inteligência, ele nos criou inteligentes. Estou com 56 anos. Quero dedicar o resto da minha vida ao consolo dos sofredores”, diz.

Padre Pereira contou que durante sua internação, enfrentou falta de oxigênio no cérebro, paralisação dos rins, estômago em colapso e pulmões cheios de água. Em fé, ouvia claramente a voz de Deus que lhe dizia para não ter medo, o que o ajudou a enfrentar essas dificuldades.

Ele enfatiza que em sua volta aos trabalhos já celebrou missas em capelas e com o padre Antônio Borecki na Matriz. Padre Pereira, inclusive, agradece imensamente ao pároco de Tarumã por todo o apoio e zelo apostólico dedicados a ele.

“Em breve pretendo fazer uma grande celebração para marcar, junto com aqueles que lutaram comigo, a Misericórdia do Senhor”, finaliza.

Aos poucos o vigário, que ainda segue sua recuperação, retoma as celebrações no município

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