Carlos Arévalo, cineasta e produtor de Assis, está prestes a realizar um antigo sonho: produzir um documentário sobre a escola de samba Unidos da Vila Operária (V.O.), que há 45 anos desempenha um papel central na vida cultural de seu bairro. Esse projeto, segundo Arévalo, é algo que ele desejava concretizar há mais de dez anos, desde a época em que trabalhava na Fundação de Arte e Cultura (FAC). Ao longo desse período, a falta de recursos adiou a realização do documentário, mesmo que ele já dispusesse do equipamento necessário e da vontade de contar essa história.
Arévalo, que construiu sua carreira produzindo vídeos comerciais e trabalhos no cinema, explicou que a oportunidade para desenvolver o documentário sobre a V.O. surgiu com o lançamento do edital da Lei de incentivo ao audiovisual “Paulo Gustavo”, voltado ao financiamento de projetos culturais. O cineasta participou ativamente do processo, envolvendo-se nos congressos culturais da cidade e nas oitivas que precederam a abertura do edital. No entanto, optou por não participar da primeira chamada, pois estava concluindo sua graduação em Direito, o que demandava atenção ao seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Após se formar, Arévalo inscreveu seu projeto na segunda chamada do edital da Lei Paulo Gustavo e, para sua satisfação, foi selecionado como o principal na modalidade “documentário”. A proposta aprovada tem como objetivo registrar a trajetória da escola de samba Unidos da Vila Operária, uma agremiação fundada em 1978 que se mantém ativa até hoje, apesar das dificuldades enfrentadas, muitas vezes sem contar com o apoio do Poder Público.
O cineasta revelou que a escolha da V.O. como tema do documentário está profundamente ligada à sua experiência pessoal. Após uma temporada morando em Buenos Aires, Arévalo passou a valorizar ainda mais aspectos da cultura brasileira que lhe eram familiares, como o Samba, o café brasileiro, o guaraná e o maracujá. O retorno ao Brasil, em 2009, marcou o início de seu envolvimento mais direto com a música, quando começou a tocar samba com amigos. Foi nesse momento que o desejo de contar a história da V.O. se consolidou.
Cultura que atravessa gerações
A Unidos da Vila Operária, segundo Arévalo, é mais do que uma simples escola de samba; ela representa a persistência e a resistência de uma cultura que atravessa gerações. A escola é remanescente de um tempo em que muitas agremiações surgiram, mas poucas sobreviveram. A V.O. se destaca por sua capacidade de envolver toda a comunidade do bairro, contando suas histórias por meio dos sambas-enredo, que refletem as vivências e tradições locais.
Arévalo, que tem longa experiência em registrar eventos culturais e incentivar a cultura popular, explicou que sua intenção com o documentário é deixar um legado para as futuras gerações. “Quero que, no futuro, pessoas que não vivenciaram a história da V.O. possam entender e apreciar a importância dessa escola para a comunidade e para a cultura do município, da região e até do Estado. Até o momento, não há registros formais sobre a trajetória da Unidos da Vila Operária, além de algumas matérias esparsas, o que torna o documentário ainda mais relevante como documento histórico. Esse projeto não é apenas uma realização pessoal, mas também um esforço para preservar a memória cultural da Vila Operária e de Assis, garantindo que essa história continue viva e acessível para as próximas gerações”, conta ele.